Ideias e ideologias

O comportamento dos seres humanos é determinado em parte por programação bioquímica (DNA) e em parte por programas que o próprio organismo constrói e que ficam armazenados na memória. Uma parte desses programas é o que chamamos de ideias. Ideias não são objetos isolados, elas se agrupam em sistemas mais ou menos coordenados, que são as ideologias. A ideologia determina se uma determinada ideia é válida ou não.

Ideologias são importantes instrumentos de controle social. Sem elas não haveria coesão social. Por isso ideologias são importantes nas disputas políticas.

O ego, liberdade e máquina humana

Sere humanos, assim como outros organismos vivos, são máquinas bioquímicas. Uma objeção a essa afirmação é que não nos percebemos como máquinas. Isto acontece por vários motivos:

  • Somos máquinas complexas e só deciframos uma parte ínfima dos algoritmos que as constituem;
  • Alguns dos algoritmos envolvem variáveis aleatórias,
  • A percepção que temos de nós mesmos (ego) é uma função do nosso sistema nervoso,
  • Normalmente tomamos nossos egos como sendo nós mesmos, e não uma representação construída,
  • O ego nos apresenta como seres livres, responsáveis por nossos atos,
  • Sem isso as sociedades humanas seriam inviáveis.

A cara do Brasil

Tivemos eleição no ano passado, um novo governo tomou posse, ficamos perguntando: como essa gente chegou ao poder?

Abrigadas pela cabine de votação, as pessoas manifestam seus desejos, secretos ou não. Assim, o resultado de uma eleição revela a face oculta do povo, que nem sempre é bonita e apresentável.

A manifestação do povo exige atenção, mesmo quando é irracional. Não se trata de concordar ou discordar, trata-se de entender o comportamento da criatura.

A voz do povo não é sábia. A sabedoria está em interpretá-la.

Os erros no ENEM

Neste ano o Exame Nacional de Ensino Médio – ENEM – tornou a apresentar falhas, o que deu margem, compreensivelmente, a um alarmismo, resultando até na concessão de uma liminar pela justiça, suspendendo o exame em todo o território nacional. Deixando de lado o sensacionalismo e procurando discernir os fatos, devemos questionar se a gravidade do problema está sendo estimada corretamente e quais as atitudes mais adequadas para lidar com a situação em que o sistema de avaliação se encontra.

Para começar, a falha que originou a suspensão foi considerada natural pela gráfica. Isso não significa que não seja falha mas sim que é uma falha possível considerando-se as características do sistema dee produção das provas. Segundo as autoridades, foram impressas 20.000 provas erradas num universo de 6.000.000 provas, ou seja, 0,3% de erros. Esse valor, em controle da qualidade total, corresponde a capacidade de processo 1,0, ou seja, a um processo minimamente adequado mas não excelente, ou seja, que deveria ser melhorado.

Segundo o MEC, na aplicação da prova os erros foram percebidos e um grande número de provas foi substituído por exemplares-reserva, reduzindo a incidência de provas erradas que chegaram às mãos dos alunos. Além disso, quando não foi possível a substitução, foram fornecidas instruções aos alunos sobre como proceder em relação ao erro. Assim, a incidência de alunos prejudicados efetivamente pelos erros foi ainda menor, tendo sido criado um canal para receber as reclamações e dar início a processos de reparação, através de uma nova prova. O MEC estima que deverá receber 2.000 reclamações, ou seja, 0,03% de incidência, mas esse número ainda não está confirmado, podendo revelar-se menor ou maior.

Não existe processo imune a erros, por isso é necessário prever processor de reparação das falhas que venham a ocorrer. O processo do ENEM prevê essa possibilidade, através da realização de novas provas para alunos cuja avaliação tenha sido prejudicada, estando até previstas as datas para a realização dessas provas. O número de ocorrências esperado está dentro do previsto e a correção do problema através de novas provas deverá ser feita sem dificuldades.

A medida determinada liminarmente pela justiça, suspendendo o exame como um todo, não é a maneira mais adequada de lidar com o problema. A aplicação de uma nova prova a curto prazo inviabilizaria a implementação de melhorias sistêmicas no ENEM, e estaria sujeita às mesmas falhas, ou seja, não resolveria nada. O caminho correto é aquele indicado pelo MEC, ou seja, a validação do exame e a correção das falhas mediante aplicação da nova prova.

Além da correção das falhas desta aplicação do ENEM, tornou-se evidente que o processo não chegou ainda a um padrão de qualidade adequado, sendo necessárias modificações sistêmicas para reduzir a possibilidade de erros e facilitar a recuperação. Um exemplo de medida nesse sentido seria a realização de várias provas ao longo do ano e não apenas uma prova com muitos milhões de participantes. Como o MEC já está utilizando a Teoria de Resposta ao Item – TRI – isso deve ser viabilizado facilmente.

Esclarecendo a confusão sobre o trem de alta velocidade

O governador de São Paulo vem criticando o projeto de trem rápido ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele alega que trens convencionais poderiam atender esse corredor, compartilhando vias com trens de carga. Anteriormente, o ex-governador Serra declarou que em vez de trem rápido seria melhor construir mais metrô com o mesmo dinheiro. Todas essas afirmações são enganadoras pois essas três modalidades não são intercambiáveis, pois atendem a diferentes demandas de transporte.

Um trem de alta velocidade não é alternativa para um trem convencional nem transporte rodoviário, ele visa substituir transporte aéreo. Com a carência de aeroportos e o congestionamento do espaço aéreo, a única maneira de atender a demanda dos viajantes dos atuais usuários de aviões no eixo Rio de Janeiro São Paulo Campinas é mesmo o trem de alta velocidade.

O metrô é alternativa para transporte urbano e metropolitano, substituindo ônibus e automóveis que entopem – e vão continuar entupindo – as vias urbanas das grandes cidades.

O trem convencional é alternativa para o transporte rodoviário, com custo inferior e melhor qualidade que ônibus e caminhões.

Os três investimentos se justificam, dependdendo de análise de casos específicos para determinar a viabilidade. Nos três casos, existem ganhos de qualidade de vida da população e ambientais, com utilização mais eficiente da energia.

As alegações de que é possível substituir qualquer uma dessas três modalidades por outra são falsas e pode-se imaginar que tenham partido de interessados em investimentos em uma ou outra delas. No fundo, isso é uma bobagem pois o desenvolvimento de nosso Brasil exige avanços nas três. Em todas elas.

Campanha de idéias ou de pessoas?

A seção ‘Tendências e Debates’ da Folha de hoje publica textos dos dois presidenciáveis. Dilma apresenta a síntese de um projeto de Nação, enquanto Serra fala dele mesmo. Essa diferença caracterizou toda a campanha, enquanto Serra focava na comparação entre sua própria pessoa e a candidata adversária, Dilma destaca projetos para o Brasil. Existe uma razão muito forte para isso, pois o projeto apresentado por Dilma é a continuidade do projeto de Lula, que goza de mais de 80% de aprovação. Na falta de um projeto que pudesse competir com aquele de Dilma, Serra optou por uma campanha focada em características pessoais, procurando desconstruir a imagem da adversária através de denúncias e difamações, em que não faltaram calúnias vergonhosas, o que acabou por desgastar o candidato. De qualquer modo, não se pode prever o resultado das urnas, as pesquisas indicam margem pequena, daqui a algumas horas saberemos.

Bento XVI, o inimigo do Brasil

No próximo domingo vamos eleger nosso próximo presidente. Temos dois candidatos envolvido numa disputa democrática, lutando com os recursos de que dispõem para chegar ao poder e colocar em prática seus projetos. Ao povo brasileiro cabe escolher e, depois das eleições, devemos apoiar o vencedor para que ajude o povo brasileiro a melhorar de vida, independentemente de como cada um votou.

O fato intolerável, perverso, imoral, é a tentativa do papa Bento XVI de interferir nas eleições brasileiras. Esse papa que encobriu praticantes de pedofilia agora se mete a aconselhar os eleitores brasileiros. Essa interferência é completamente descabida e mostra a atitude retrógrada e imoral da Igreja Católica.

Vou votar em Dilma, acredito que ela tem o melhor projeto para o Brasil, mas respeito Serra e acredito que ele também deseja o melhor para o Brasil, apesar de não concordar com suas premissas quanto à maneira de realizar isso. Independentemente disso, considero intolerável o pronunciamento do Papa, independentemente dele ter sido a favor ou contra minhas preferências pessoais.

Respeito a disputa entre Dilma e Serra mas não aceito a interferência de Bento XVI. Ao fazer isso ele se revela como inimigo do povo brasileiro.

Enxugamento do estado e corrupção

O enxugamento do estado não implica na redução da corrupção, pois a corrupção não existe apenas no setor público. Ao contrário, a corrupção no setor público não passa de um reflexo na corrupção que existe na sociedade em geral e nos negócios privados, em particular.

Os proprietários e gerentes de empresas privadas fazem toda a sorte de falcatruas, especialmente porque os negócios privados são menos sujeitos a prestações de contas. As empresas privadas costumam esconder seus casos de corrupção por vários motivos, como preservar imagem, não perder valor de mercado, proteger a responsabilidade de proprietários e gerentes, etc.

Um dos grandes problemas da gestão estatal é que as pessoas costumam levar para órgãos estatais os mesmos maus hábitos que adquiriram no setor privado. Não é verdade que reduzir o estado reduz a corrupção, ela apenas muda de lugar e cresce ainda mais.

O combate à corrupção precisa ser realizado num campo de batalha maior. Para começar, é preciso abranger a sociedade como um todo e não apenas o setor público. Mais importante do que isso é dar-se conta de que a corrupção é sintoma de uma doença mais grave, o individualismo que busca obter vantagens em detrimento de outras pessoas, fingindo comportamentos cooperativos ao se aproveitar dos outros.

A chave da questão está na compreensão do que realmente significam cidadania e educação. O resto é tapeação.

Manifesto por Dilma Presidente

O governo Lula mostrou que o Brasil pode crescer e reduzir a desigualdade ao mesmo tempo. O caminho para o desenvolvimento é a redução das desigualdades sociais, com a inserção de todos os brasileiros na plenitude da cidadania, com acesso a educação de qualidade, serviços de saúde e recursos para adquirir os bens que todos desejam: casa, carro, alimentação de qualidade, lazer, etc. Como disse Dilma, um país de classe média.

O Brasil está a caminho da transformação. O crescimento econômico e a presença afirmativa no cenário internacional já indicam que o Brasil está perto de ocupar o merecido lugar entre as nações mais importantes do mundo. A descoberta do pré-sal indica que seremos também uma potência no petróleo.

A continuidade do projeto de um Brasil grande e para todos depende da continuidade de um governo que, mesmo em meio às crises, sempre afirmou a grandeza de nosso país e de nosso povo e que nunca se subordinou a interesses alheios. Um governo que buscou a transparência, expondo-se à críticca da sociedade e aceitando investigar deslizes ocorridos em seu seio, como nunca governo anterior fez.

Por isso é importante eleger Dilma. Ela representa a continuidade de umm projeto que vem trazeendo benefício tanto a ricos quanto a pobres, modernizando o país, consolidando nossa democracia, afirmando nossa soberania como nação.

Jogo de calúnias

Diariamente, recebo vários e-mails difamando políticos. O conteúdo geralmente mistura um pouco de verdade a uma grande dose de mentiras, amarradas por uma pseudo-lógica e apelando para toda sorte de preconceitos. Geralmente os políticos visados são de esquerda, mas de vez em quando a vítima é de direita. Conteúdo semelhante é veículado em blogs que apresentam uma polarização política semelhante.

No começo do ano, Serra foi reclamar a Lula de que alguns blogs estavam publiicando informações sobre a filha dele e Lula respondeu que não tinha como controlar os blogs. O próprio Lula e a família dele são alvos preferenciais das difamações da maior parte dos blogs. Se ele tomasse qualquer ação contra os blogs, estaria tolhendo a liberdade de expressão. Cabe a cada pessoa que se sentir prejudicada recorrer à instituição que existe para isso e que tem o poder de arbitrar se um conteúdo é ilícito, ou seja, a justiça.

Agora Serra está atribuindo a violação do sigilo fiscal de sua filha à campanha de Dilma Rousseff. A hipótese parece improvável, visto que a campanha de Dilma jamais recorreu a denúncias pessoais e jamais mencionou a filha de Serra. Quem está expondo sistematicamente a filha de Serra na campanha é o próprio pai dela. A violação de sigilo foi feita em outubro de 2009, na época em que a campanha de Dilma ainda não tinha começado mas a disputa interna no PSDB, entre Serra e Aécio, pela candidatura presidencial estava no auge. Não se pode portanto desconsiderar a hipótese de que o interesse pela violação do sigilo estivesse dentro do próprio PSDB.

Na ponta do crime, a prova disponível é uma procuração falsificada. Os portadores dessa procuração, devidamente identificados, são pessoas sem qualquer atuação política relevante, instrumentos de um crime movidos por interesses mesquinhos e sem qualquer relação com os grandes interesse que eventualmente podem estar em jogo no episódio.

O PSDB, que está a caminho de uma derrota esmagadora nas urnas e não tem argumentos convincentes para atrair os eleitores, está apelando para denúncias de qualquer tipo para tentar reverrterou ao menos minimizar a derrota. Chegou a pedir a cassação da candidatura do PT, numa tentativa de tirar a escolha do próximo governo das mãos dos eleitores. A justiça, como era de se esperar, negou o pedido mas a irresponsabilidade e falta de respeito à população por parte do PSDB e Serra ficaram evidenciados.

As instituições políticas e jurídicas brasileiras estão se consolidando e as tentativas de golpe da oposição contra a vontade do povo devem acabar frustradas. Com isso, Serra vai chegando a um triste fim ppara uma bela carreira política, que começou com a luta pela democracia e justiça social mas,no meio do caminho, desviou-se do povo. Talvez ele ainda tenha tempo de mudar esse caminho, esperemos que isso aconteça.

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